Prof. Doutor Jorge Araújo - Reitor da Universidade de Évora

Foi há vinte e cinco anos.

Foi há vinte e cinco anos que se concretizou o sonho, por alguns acalentado, da restauração do ensino universitário em Évora. Mas foi seguramente há muito mais tempo que algumas vontades começaram a manifestar-se, umas a favor, outras contra, a reinstalação da Universidade eborense. A história escrita a partir dos actos públicos, é bem conhecida. Os decretos, os despachos, os discursos de circunstância, as fotografias oficiais das assinaturas de tomada de posse, todos estes documentos se encontram rigorosamente arquivados, apenas á espera que alguém os consulte quando deles necessita.

Mas não só de diplomas e discursos se faz a história. Há outra, aquela que se narra, porque foi quantas vezes vivida com paixão, mas geralmente se escreve, que permanece no registo efémero dos neurónios e se perde definitivamente quando  a lei da vida inesperadamente o determina. Como no teatro há os actores que no palco representam; tudo o que declamam, está escrito. Mas há os outros, os que nos bastidores levantam o pano e apagam as luzes, que dirigem os focos umas vezes para uns, outras vezes para outros. Deles ninguém fala, nem são merecedores das palmas do público. E todavia, sem eles não haveria espectáculo.

Vinte e cinco anos depois, quisemos desvendar essa história ainda por escrever e convidámos alguns dos interventores, e também os percursores, a narrar a sua experiência e a sua versão dos factos que antecederam e determinaram a restauração da Universidade, incluindo um dos homens da ribalta de então, o Ministro da Educação, Prof. Veiga Simão. Escutámos atentamente, quase religiosamente, pois tínhamos a certeza de estarmos a viver um momento único. Muito foi dito e, certamente, muito mais ficou por dizer. Do registo se extraiu o texto que agora se apresenta e que contribui para cada um de nós, com base no nosso próprio património de conhecimento, vá mais longe na construção do imaginário do que terá sido a teia de vontades, de cumplicidades e de intrigas, que antecederam e acompanharam a restauração da Universidade de Évora, há vinte e cinco anos.